segunda-feira, 2 de março de 2009

O tamanho da dominação estrangeira na Amazônia

Matéria publicada no Jornal do Comercio - RS 02/03/09

De quem é a Amazônia? Nas escolas, os professores ensinam que é dos brasileiros. Al Gore, que já foi vice-presidente dos EUA, discorda. Em Londres, o pedido escrito no guardanapo de um restaurante declara guerra: "Lute pela Amazônia. Torre um brasileiro".
Há um fato. A Amazônia é imensa. Tem o tamanho de 17 países europeus juntos. E outro fato. A região é riquíssima em recursos. Por isso, dá para entender o interesse estrangeiro nela. Ao longo da história, essa cobiça foi escondida atrás de máscaras como a que Abraham Lincoln usou quando propôs ao então governo brasileiro que doasse lotes de terra na Amazônia aos negros que ele havia libertado, mas dos quais desejava livrar a sua administração.
Em 1983, Margareth Tatcher declarou que "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas, que vendam suas riquezas, suas fábricas e seus territórios". Se levarmos em conta - ela certamente fez isso - o ouro que o Brasil desembolsou para pagar a dívida de Portugal com a Inglaterra quando comprou sua independência, a indigesta sugestão faz sentido. Em 1989, foi a vez de o francês Jacques Mitterrand se manifestar. "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia". Em seguida, o russo Gorbachev afirmou que "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia a organismos internacionais."
Devemos temer uma guerra pela Amazônia? Nos anos 1990, Geraldo Cavagnari Filho, pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, listou motivos. Segundo ele, entre os argumentos que a Secretaria do Conselho de Segurança Nacional apresentou para justificar a criação do Projeto Calha Norte, em 1985, estavam: a cobiça internacional dos recursos minerais da região e o crescente trânsito ilegal de estrangeiros. Esses argumentos foram repetidos na implementação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Em 2004, o general-de-brigada Marco Aurélio Costa Vieira disse ao jornalista Javier Godinho que um levantamento do Exército havia constatado "o risco de o Brasil perder 56% do seu território", justamente o mais rico em minerais, petróleo, fauna, flora e água potável. Vieira acrescentou que não acredita em movimentos organizados, mas apontou a existência de 20 bases militares dos EUA cercando a região, para controlar o narcotráfico e a guerrilha, além de mais de 600 ONGs, instituições religiosas, científicas e culturais.
No dia 5 de março de 2008, Rolf Hackbart (Incra) relatou que "3,1 milhões de hectares da Amazônia Legal estão nas mãos de estrangeiros". Ele previu um agravamento da situação, porque, para comprar um imóvel "basta ser residente no País e apresentar uma carteira de identidade" e "para ter uma empresa basta ter autorização de funcionamento". No início de 2009, Mara Silvia Alexandre Costa, funcionária pública federal, levou um choque em Manaus quando soube que em Roraima, onde apenas uma em cada dez pessoas é roraimense e pouco mais de 70% do território são demarcados como reserva indígena. E atenção: "Na única rodovia em direção ao Brasil que liga Boa Vista a Manaus, (800 km) existe um trecho de aproximadamente 200 km da reserva Waimiri Atroari fechada pelos índios entre 18h e 6h. Brasileiro não passa, mas o acesso é livre aos europeus e japoneses. Os americanos entram quando querem. Detalhe: se a pessoa não tem a autorização da Funai, mas tem a dos americanos, tudo bem. Para completar, a "maioria dos índios fala inglês ou francês, mas não fala português". Vamos perder a Amazônia beijando a mão do bandido se o Brasil não acordar.

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